Encontro
Alimentação saudável vira debate entre merendeiras
Servidoras da rede municipal reúnem-se em atividade e destacam os desafios diários
Gabriel Huth -
Sem atividades em função da comemoração do Dia do Professor, a segunda-feira foi de trabalho e conhecimento para as merendeiras das escolas municipais. A Secretaria de Educação e Desporto (Smed) promoveu, no Colégio Pelotense, o primeiro encontro da categoria. A programação teve oficinas e palestras com produtores de alimentos e nutricionistas com temas relevantes e ligados também ao 16 de outubro, quando é celebrado o Dia Mundial da Alimentação Saudável.
Nesta terça-feira (15), no final da manhã, quem conversou com as merendeiras foi a nutricionista Cynthia Leal. Ela apresentou dados de pesquisas realizadas em Pelotas com a categoria. Uma das questões debatidas foi como fazer as crianças criarem o hábito da alimentação saudável. As merendeiras, reiterou diversas vezes, têm um papel fundamental nesta educação, pelo ambiente de trabalho e pelo público atingido. Entre as principais limitações, estão a falta de incentivo, a baixa remuneração e a grande carga horária.
Uma das provocações deixadas por Cynthia foi a de envolver mais as nutricionistas da Smed nas reuniões pedagógicas, que ocorrem periodicamente, para que a temática da alimentação esteja presente nos planejamentos e nas ações diárias da educação pública municipal. “Um estudo de 2009 apontava que apenas 1,1% dos pelotenses têm alimentação saudável”, agravou a nutricionista.
Hoje, 65% das verduras e legumes consumidos nos refeitórios escolares são oriundos da agricultura familiar na cidade. “São três cooperativas de pequenos agricultores que fornecem hortifrúti”, informou a diretora do Departamento de Alimentação Escolar, Beatriz Dias. E eles estiveram no colégio à tarde para falar sobre a produção. A atividade serviu para valorizar as merendeiras, além de dar suporte com conhecimentos específicos sobre a boa alimentação.
O dia a dia nas escolas
Em meio aos relatos sobre as dificuldades da profissão, era comum ouvir das merendeiras o apreço pela profissão e pelos estudantes. Na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Bernardo de Souza, por exemplo, são 600 alunos com cinco refeições diárias. “Enquanto tá lavando a louça de uma, outras já estão preparando a próxima. É café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e café da tarde”, conta Danielle Heimberg, que atua na área desde o ano passado. Para estas três mil refeições, há uma equipe de seis profissionais. Já na Emei Oswald de Andrade, com 130 alunos, a equipe de duas merendeiras é completada por uma faxineira. “Minha mãe já era cozinheira e eu, desde criança, sempre gostei muito de cozinhar”, diz Ana Paula Rodrigues. Ela e Danielle são servidoras do último concurso realizado pela prefeitura.
Para um trabalho de oito horas diárias, o salário é o mínimo nacional. O padrão da categoria é de R$ 391,46, que, com dois complementos, alcançam os R$ 954,00 brutos. Com os descontos, o valor final é abaixo do mínimo. “A precariedade de salários atinge mais de 90% dos servidores públicos municipais, mas no caso das merendeiras é ainda mais lamentável. São profissionais que lidam com a saúde e a educação das crianças e não têm o mínimo reconhecimento”, critica Tatiane Rodrigues, presidente do Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp). Ela lembra que o sindicato está há anos na Justiça para conseguir o direito de receber insalubridade à categoria pelas características próprias do serviço. Tatiane cita ainda a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como avental para proteção contra o fogo, por exemplo, e a extensa carga horária, já que muitas profissionais são chamadas diversas vezes para sábados letivos e atividades nos finais de semana nas escolas.
O perfil das merendeiras
Formado por um grupo com 98% de mulheres, mais de 82% das merendeiras não praticam esportes e sentem falta de atividades de lazer, de acordo dados apresentados por Cynthia Leal no encontro. A média de idade é de 47 anos.
Dicas para uma alimentação saudável
1. Faça pelo menos três refeições - café da manhã, almoço e jantar - e dois lanches saudáveis por dia
2. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma natural
3. Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches
4. Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana
5. Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos.
6. Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina.
7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas.
8. Diminua a quantidade de sal na comida. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal e sódio, como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, molhos e temperos prontos.
9. Beba pelo menos dois litros de água por dia.
10. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias. Mantenha o peso dentro de limites saudáveis.
(Fonte: Ministério da Saúde)
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